Depois de um 2024 turbulento, com recorde de empresas pedindo recuperação judicial, 2025 até começou com um certo alívio. Porém, essa trégua deve ser só uma pausa antes da próxima tempestade.

Nos dois primeiros meses do ano, os pedidos de Recuperação Judicial caíram 10,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O problema é que, mesmo com a queda, janeiro e fevereiro tiveram mais solicitações do que a média mensal de 2023.

Esse respiro veio porque muitas empresas conseguiram renegociar dívidas, alongar prazos e aproveitar o boom do mercado de capitais no ano passado, que bateu recorde com R$ 709 bilhões em captações.

Mas o fôlego deve estar acabando. A rede St. Marché e a Voepass, por exemplo, foram os casos mais recentes a buscar recuperação extrajudicial em 2025, se juntando a quase 8 milhões de empresas inadimplentes no Brasil.

• Já do lado das famílias, 75 milhões de brasileiros estão com contas atrasadas, quase metade da população adulta.

A principal trava? A Selic, atualmente em 14,25%, deve subir mais e só voltaria a um dígito após 2028, o que representaria o segundo período mais longo com juros altos desde o Plano Real.

Se a taxa básica bater os 15%, empresas com alavancagem elevada podem ver o lucro operacional virar pó — e as recuperações judiciais, mais uma vez, se acumularem.