Depois da carta publicada por Trump afirmando que vai taxar importações brasileiras em 50%, o governo se prepara uma resposta para os EUA.

Mesmo sem comunicação oficial de Washington, o Planalto reuniu um grupo técnico para discutir contramedidas, com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso há poucos meses.

Entre as opções na mesa, ganha força a ideia de retaliar no campo da propriedade intelectual, atingindo patentes de medicamentos e direitos autorais de produtos culturais — uma estratégia já usada pelo Brasil em disputas com os EUA na OMC nos anos 2000.

Lula se diz pronto para negociar com os EUA, mas cobra respeito dos americanos em um momento que o governo ressalta — por meio de campanhas como essa — a soberania nacional.

Já na parte econômica, estimativas mostram que as novas tarifas podem reduzir as exportações brasileiras em US$ 7 bilhões em 2025 e US$ 13 bilhões em 2026.

• Em 2024, os EUA foram destino de 12% das exportações do Brasil, com destaque para petróleo, carne bovina, aço e café.

Mas o valor parece não assustar o presidente

De acordo com o chefe do Executivo, o comércio entre os dois países representa apenas 1,7% do PIB brasileiro, número usado como espécie de argumento para dizer que o Brasil consegue sobreviver sem os americanos.

Em entrevista ao Jornal Nacional, Lula voltou a criticar a dominância do dólar nas relações comerciais internacionais.

“Nós cansamos de ser subordinado ao norte {…} Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar.”

Lula

O presidente ainda responsabilizou Eduardo Bolsonaro por articular o tarifaço com Trump como retaliação às investigações contra seu pai. Já o ex-presidente Bolsonaro elogiou Trump, dizendo que a medida mostra “firmeza” e é fruto do afastamento do Brasil de “valores do mundo livre”.