É possível dizer que toda pessoa que se lança no empreendedorismo sonha em criar uma marca que perdure por décadas. No entanto, são pouca as que conseguem, mas esse não é caso dos Ferrero.

No mundo dos doces, são poucas as empresas que possuem marcas tão memoráveis quanto o grupo italiano, dono de Nutella, Ferrero Rocher e Tic Tac. Os números não mentem:

• 37: número de plantas de produção espalhadas por 5 continentes;
• +170: países em que seus produtos estão presentes;
• + 1,52 milhão: toneladas de chocolate produzidas entre 2022/2023
• € 17 bilhões: faturamento do grupo no ano fiscal finalizado em agosto de 2023.

O conto de fadas dos Ferrero começou a ser construído no final da década de 1930. No entanto, a ideia de seu 1º grande produto, a pasta de avelã, veio de uma receita inventada no início dos anos 1800.

Senta que lá vem história 🛋

Durante essa época, o famoso general francês, Napoleão Bonaparte, iniciou um bloqueio continental contra o Reino Unido, ocasionando uma escassez de cacau em toda a Europa.

Como solução, os chefs italianos decidiram adicionar avelã moída, por conta da abundância no país e de seu preço acessível, para fazer com que a produção do chocolate rendesse mais. Daí, criou-se o “Gianduiotto”.

Corta para 1938, o apaixonado por confeitaria, Pietro Ferrero, decidiu se mudar para o leste africano com o plano ambicioso de vender biscoitos para as tropas italianas.

A empreitada não funcionou e ele, junto a sua família, voltaram à Itália e se estabeleceram em Alba, localizada na região de Piemonte — coincidentemente, rica em avelã.

Eis que, observando a falta de cacau por conta da Segunda Guerra Mundial, seu irmão mais novo, Giovanni Ferrero, enxergou uma oportunidade.

As pessoas ansiavam por chocolate, mas muitos não tinham dinheiro suficiente para comprá-lo por conta dos preços elevados devido à escassez de oferta.

Pietro, por sua vez, juntou seus anos de experiência em confeitaria e decidiu recriar a receita do Gianduiotto.

Com uma combinação de avelãs torradas, cacau e uma mistura de melaço, manteiga de coco e óleo vegetal, nascia a Giandujot. Essa pasta de avelã, entretanto, era vendida em forma de barra.

A iniciativa estourou e Pietro percebeu que precisava ampliar a produção. Por isso, se uniu a Giovanni, que tinha bastante experiência no comércio de alimentos, para fundar a Ferrero em 1946.

Eles montaram uma fábrica e até trabalharam com agricultores locais para aumentar a produção de avelãs para que houvesse um fornecimento suficiente dos insumos necessários.

Infelizmente, Pietro conseguiu aproveitar pouco o sucesso de sua invenção, pois faleceu em 1949 por conta de um infarto.

Do rebranding para a expansão internacional e o aumento no portfólio

Sob a liderança de Giovanni, o Giandujot foi renomeado Supercrema e passou a ser vendidos em potes reutilizáveis.

• Essas vendas passaram a ser feitas diretamente às lojas em vez de uma distribuição via atacadistas, tudo para manter o preço o mais baixo possível.

O resultado: A Ferrero conseguiu criar afinidade com sua marca e potencializar o apelo da Supercrema.

Após a morte de Giovanni, em 1957, o filho de Pietro, Michelle, passou a liderar a empresa e, já nos primeiros 10 anos, realizou 2 importantes movimentos:

• Após convencer a família para entrar no mercado alemão em 1956, ele comandou a expansão para Áustria, Bélgica, França, Holanda, Reino Unido e Suécia;
• Alterou a receita da Supercrema e alterou o nome do produto para Nutella, que começou a ser vendido sob a nova marca em 1964. No ano seguinte, chegariam os clássicos potes que conhecemos hoje.

Quatro anos depois, a empresa introduziu o Kinder Chocolate na Alemanha, visando capturar o público infantil do país — Kinder, inclusive, significa “crianças” em alemão.

A nova marca, entretanto, se espalhou rapidamente pela Itália e outras regiões do Mediterrâneo devido ao seu enorme sucesso… Que ficaria ainda maior em 1974, com o lançamento do Kinder Ovo.

Embora não se saiba ao certo quantos brinquedos a Ferrero produz por ano, existem estimativas que a cifra seja superior a 1 bilhão.

No final da década, a empresa ainda teve tempo de lançar mais uma de suas marcas icônicas, o Tic Tac. O Ferrero Rocher, por sua vez, chegaria somente em 1979.

Quando Michelle entregou o comando da empresa à seus filhos, Giovanni e Pietro, em 1997, a Ferrero estava próxima de alcançar US$ 5 bilhões em vendas.

Segundo a empresa, um pote de Nutella é vendido a cada 2 segundos. Estima-se que a Ferrero use 25% das avelãs do mundo todos os anos para produzir a Nutella.