Ensaio sobre a cegueira

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Ensaio sobre a cegueira

Bruno Costa
Bruno Costa
13 novembro 2022Última atualização: 13 novembro 2022
“Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”.
O trecho é do livro Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Nascido há exatos 100 anos, ele moldou a sua escrita com a sabedoria do campo e das diversas profissões que teve até ganhar o Prêmio Nobel da Literatura.Passando de serralheiro mecânico, para auxiliar de escritório e funcionário público, Saramago afirma que nunca teve o espírito aventureiro de quem vai trocando de profissão por insatisfação.
  • Em suas palavras, as circunstâncias podem muito mais do que a nossa vontade, a questão está em aproveitar as circunstâncias para exercer as vontades.
Voltando ao livro… Ensaio sobre a cegueira começa com um motorista parado no sinal, que se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha incontrolavelmente.À medida que a cegueira dispersa, o livro para de respeitar pontuações. São blocos de textos agrupados sem divisões, sem pontos finais recorrentes, sem parágrafos e sem capítulos.É como se o próprio leitor passasse a ter uma perda progressiva da visão. Assim, de forma natural, também embarcamos nessa imersão da “treva branca”, sentindo na pele a fadiga dos personagens.
  • O livro abre espaço para diversas interpretações em diferentes contextos, mas uma delas é bem interessante: por que será que a cegueira é luz?
A gente vê o sinal do trânsito, a tela do celular e, basicamente, tudo que é do nosso interesse. Mas, mergulhados nesse excesso de informações, será que conseguimos enxergar o outro?Na cegueira dos personagens, eles enxergam suas fraquezas, arrogâncias e intolerâncias. Não é como se a epidemia fosse a causa do mal, mas como se a vida das pessoas já estivesse errada antes da doença chegar.Pensando nisso, Ensaio sobre a cegueira pode ser lido inversamente, como Ensaio sobre a visão. Ao mesmo tempo em que o “fundo do poço” evidencia o lado ruim do ser humano, ele também mostra a nossa força, solidariedade e generosidade.Saramago primeiro nos cega, para, então, mostrar que talvez nunca enxergamos direito. Para tudo na vida, vale lembrar do epígrafo do livro: Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. 
Bruno Costa

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