Fumaça branca no céu de Roma. No início da noite italiana de ontem, ela subiu pela chaminé da Capela Sistina e anunciou ao mundo a eleição de Robert Francis Prevost como o novo Papa da Igreja Católica.

Com o nome de Leão XIV, ele se torna o 267º pontífice da história e o primeiro vindo dos Estados Unidos — país que, até aqui, parecia improvável para a função.

• Trump comemorou o anúncio e disse que deseja se encontrar com Leão XIV, o qual fez postagens recentes no X criticando as políticas do atual governo americano.

Mesmo não estando entre os mais cotados, Prevost tinha algo raro: prestígio tanto entre conservadores quanto reformistas, o que pode ter sido fundamental para os votos de mais de 2/3 dos cardeais.

A escolha encerra o curto período de Sé Vacante aberto pela morte do papa Francisco, vítima de um AVC, há 17 dias, além de marcar o início de uma nova fase para +1,4 bilhão de católicos espalhados pelo mundo.

Leão XIV subiu à varanda da Basílica de São Pedro usando a tradicional capa vermelha, evitada por seu antecessor, e saudou a multidão com uma frase simples: “A paz esteja com você”.

Perfil discreto e apaziguador

Prevost é discreto, fala com voz mansa e é ligado à Ordem de Santo Agostinho — cuja espiritualidade prega união e harmonia. Passou boa parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde foi missionário, arcebispo e vice-presidente da conferência episcopal.

• Antes de ser eleito, ocupava dois cargos-chave no Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão para a América Latina.

Chamado por Francisco para Roma em 2023, Leão XIV é considerado próximo do antecessor e defensor dos pobres e imigrantes. Contudo, tem uma postura contrária a debates de gênero.

Ainda assim, os desafios serão grandes

À frente de uma Igreja em transição, o novo Papa terá de decidir se seguirá a linha de maior abertura do antecessor ou se buscará um reequilíbrio com alas mais conservadoras. Além disso, precisará enfrentar temas delicados:

• Queda no número de padres ao redor do mundo,
• Escândalos de abusos sexuais
• Grave crise vivida pela instituição — com um déficit de até € 2 bilhões
• Guerras que colocam o papel diplomático do Vaticano em evidência.

A missão, agora, é conduzir a Igreja por um caminho que una tradição e mudança — algo que Leão XIV, com sua trajetória entre continentes e culturas, parece disposto a tentar.