Apesar da tão falada meta fiscal do déficit zero, o governo revisou ontem a estimativa do resultado fiscal primário, quase dobrando o rombo, de R$ 14,5 bilhões para R$ 28,8 bilhões.

“Resultado fiscal primário” nada mais é do que o saldo final da conta do governo. Exatamente como o seu saldo no banco, mas em vez de ser o seu dinheiro, é o dinheiro público.

Esse valor coloca o déficit primário exatamente no limite de 0,25% do PIB, que foi definido como o limite da margem de tolerância do arcabouço fiscal.

Na prática, o governo está gastando mais do que o esperado, e a arrecadação de impostos não está acompanhando essa alta. Os números não mentem… De janeiro a junho:

• Despesas cresceram 10,5% acima da inflação;
• Receita cresceu 8,5% acima da inflação.

Essa revisão seria ainda maior… Ficar dentro da margem só foi possível depois do corte e congelamento de R$ 15 bilhões em gastos anunciado pelo Haddad na semana passada.

Nota de rodapé: Depois de ter falado que não é obrigado a cumprir meta se tiver coisas mais importantes para fazer, Lula tentou tranquilizar o mercado ontem falando que a responsabilidade fiscal é algo que ele sente “nas entranhas” e que governo fará bloqueio orçamentário “sempre que precisar”.