A quarta-feira trouxe mais um capítulo da crise envolvendo Jair Bolsonaro e seu círculo político. A Polícia Federal indiciou o ex-presidente e o deputado Eduardo Bolsonaro por coação a autoridades na ação penal do golpe de Estado.

Segundo o relatório, pai e filho agiram para atrapalhar o processo e chegaram a ensaiar a abolição do Estado democrático de direito.

A investigação avançou após a apreensão do celular de Bolsonaro, de onde foram recuperadas mensagens e áudios apagados. Entre as descobertas, estão

• Produção de conteúdo proibido para redes sociais;
• Indícios de movimentações financeiras suspeitas — R$ 2 milhões em transferências fracionadas entre Jair e Eduardo;
• Rascunho de pedido de asilo político na Argentina.

Para a PF, o documento reforça a avaliação de que Bolsonaro planejava deixar o país desde fevereiro de 2024. Diante disso, Alexandre de Moraes deu 48 horas para a defesa de Bolsonaro explicar os descumprimentos das medidas cautelares.

Mensagens mostram “climão” entre Eduardo e Jair

As conversas recuperadas mostram articulações políticas e crises familiares.

No dia 10 de julho, Eduardo pediu ao pai que publicasse agradecimento a Donald Trump pelas tarifas contra o Brasil. Para a PF, a cobrança mostra a tentativa de alinhamento político com os EUA.

Já 5 dias depois, irritado com declarações do pai sobre Tarcísio de Freitas, Eduardo disparou: “VTNC seu ingrato do c…!”.

Em outra mensagem, acusou o pai de comprometer sua imagem no exterior: “Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VOCÊ ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se f… é você e vai decretar o resto da minha vida nesta p… aqui!”

Silas Malafaia também foi alvo da PF

Paralelamente, quem também entrou no radar das autoridades foi o pastor Silas Malafaia. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional do Galeão, agentes da polícia cumpriram mandado de busca e apreensão de seus celulares e passaporte.

• Em diálogos também divulgados, Malafaia chegou a dizer ao ex-presidente que Eduardo era um “babaca” após desentendimentos sobre a divulgação de medidas de Donald Trump contra o Brasil — ouça aqui.
• A íntegra da troca de áudios entre Bolsonaro e Malafaia você pode ouvir aqui.

Em resposta a Moraes, o pastor disse que terão que prendê-lo para calá-lo, e afirmou que o “Brasil está caminhando para uma venezuelização”.

Malafaia deve ser intimado a depor nas próximas semanas, com as investigações em andamento antes de qualquer decisão sobre indiciamento.