Era final de 2008 quando a Diletto nasceu, em São Paulo, com sua tradicional embalagem com a imagem de um urso polar.O sucesso da sorveteria artesanal foi maior do que seus fundadores previam. Com o objetivo de estar em 40 pontos de venda até o fim de 2009, eles atingiram 500.Naquele ano, o faturamento chegou na casa do R$ 1,2 milhão. O ritmo de crescimento acelerado continuou, dando um salto para R$ 15 milhões em 2011.

O diferencial da sorveteria 🍨

(Imagem: Diletto | Reprodução)

Tradição. O discurso era de que a receita tinha sido criada na Itália, pelo avô de um dos fundadores, que fazia sorvetes com a neve que caía no norte do país, desde 1922.

• A história continuava contando que, por conta da Segunda Guerra, a família fugiu para SP. Anos depois, o neto teria ido morar na Itália para descobrir como produzir aquela fórmula ancestral em escala.

Para preservar a receita original, ele fechou contratos exclusivos de fornecimento de ingredientes diretamente do país da pizza — e do gelato.Agora, seria possível fazer em grande volume os deliciosos sorvetes, com gostinho da sobremesa de seus almoços de infância.

Pulando para 2013… 🔜

(Foto: Tripadvisor | Reprodução)

Estava dando tudo certo. A empresa vendia em 15 estados do Brasil, através de mais de 3 mil pontos de venda — restaurantes, shoppings e quiosques próprios.

• Em 2012, ela havia faturado R$ 30 milhões, e a expectativa era ultrapassar os R$ 50 milhões naquele ano.

Esse crescimento acelerado chamou a atenção de Jorge Paulo Lemann. Um fundo de investimento do bilionário comprou cerca de 20% da Diletto, por um valor estimado de mais de R$ 100 milhões.O objetivo do aporte era auxiliar a empresa no processo de internacionalização e aumentar seu faturamento para R$ 1 bilhão até 2022.

Tudo lindo, não é mesmo?

Na verdade… Não. Lembra que a receita dos sorvetes artesanais era do vô de um dos fundadores? Era tudo mentira.

• Foi isso que o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) descobriu em 2014, e determinou que a marca divulgasse que a história do nonno Vittorio era falsa.

Embora ele realmente fosse dos Alpes italianos — região em que a neve era usada para fazer sorvetes —, imigrou para o Brasil com apenas três anos de idade. Teria que ser mundo prodígio. risos.E, ainda pior, nunca sequer foi sorveteiro. Essa descoberta quebrou o clima — inclusive para os outros dois fundadores, que disseram também ter sido enganados desde o início.

O impacto 📉

(Foto: Studio Dias | Reprodução)

Daquele momento em diante, a marca começou a perder força. Muitos consumidores deixaram de comprar seus produtos, e vários quiosques tiveram que ser fechados.

• Além disso, o incidente aconteceu no momento em que a Diletto estava quase sendo vendida a uma multinacional gigante do setor. Claro, a compra foi cancelada.

Aos trancos e barrancos, a empresa seguiu existindo. Em 2017, os fundadores deixaram o negócio e iniciou-se um processo de reestruturação. Mas, em 2020, a pandemia fez as vendas caírem ainda mais.Hoje, a marca ainda está presente no Brasil — embora não possua lojas próprias. No entanto, encontrar seus produtos é difícil, ainda mais em supermercados de rede nacional.

Para fechar…

O produto era realmente de qualidade. As matérias-primas eram importadas da Itália e de outros países — cheio de frutas e sem ingredientes artificiais.Mesmo assim, a história inventada quebrou totalmente a confiança dos consumidores e fez com que a empresa derretesse — como um sorvete na praia em um dia ensolarado. 🫠